A retomada da renda variável doméstica mascara mais um mês de pessimismo e volatilidade nos mercados. Ainda que os níveis de tensão estejam longe do visto entre meados de setembro e outubro do ano passado – cujos marcos foram a quebra do Lehman Brothers e a estatização da seguradora AIG – janeiro mostrou muitos dos impactos da escassez de crédito sobre os fundamentos econômicos e sobre o desempenho corporativo.
A temporada de resultados contábeis adicionou preocupação em mercados já imersos de problemas. O desempenho de gigantes como Alcoa, Chevron, Intel, Wal-Mart, Deutsche Bank, Merrill Lynch, Bank of America, General Electric, BNP Paribas, Boeing, Microsoft e Shell, entre outras, foi motivo de impulso à força vendedora. Algumas empresas do setor tecnológico – como IBM, Yahoo!, Apple, Google e Amazon.com -, os bancos Wachovia e JP Morgan e a Monsanto destoaram, com números positivos.
Foi comum em janeiro anúncios de fracos resultados trimestrais virem acompanhados de anúncios de demissões. Somente no dia 26, os cortes de funcionários vistos ao redor do mundo se aproximaram de 100 mil.
O setor financeiro foi caso à parte. Se nos últimos meses as montadoras haviam tomado o cerne das preocupações no ambiente corporativo, com a tentativa de governos em todo o mundo de salvar estas empresas da falência, o nível de capitalização e a baixa qualidade dos ativos deixaram novamente as instituições financeiras em evidência.
E se empresas dos mais variados setores vão mal, a raiz dos problemas é a mesma: economia. Sobraram dados negativos sobre importantes economias como EUA, Reino Unido, Zona do Euro e China.
O Brasil não escapou ileso, com fracos indicadores concentrados, principalmente, na atividade industrial. Os claros sinais de desaquecimento econômico podem explicar a decisão surpreendente do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de reduzir em 100 pontos-base a taxa Selic, agora em 12,75% ao ano.
Outros tantos mercados, como Reino Unido, Canadá e Índia, também flexibilizaram suas políticas monetárias. Também foram rotina anúncios de pacotes de estímulo econômico e de suporte ao setor financeiro.
Não se pode falar de janeiro sem lembrar da histórica posse do 44º presidente dos EUA. Com árdua tarefa pela frente – recuperar a maior economia do mundo imersa em recessão, como comprovaram os dados do PIB (Produto Interno Bruto) – Barack Hussein Obama II já mostra postura ativa em seus primeiros dias de mandato: conseguiu a liberação da segunda metade do TARP (Troubled Asset Relief Program), de US$ 350 bilhões, e aprovou na Casa dos Representantes seu megapacote econômico de US$ 819 bilhões.
Cifras bilionárias também figuraram nas manchetes internas. Graças ao Tesouro, que realizou um aporte de R$ 100 bilhões no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para garantir investimentos. Mais modestos, porém ainda bilionários, os destaques corporativos no mês ficam com a aquisição de 49,99% do capital do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil por R$ 4,2 bilhões e a compra de 28,03% de participação acionária na Aracruz, por R$ 2,71 bilhões, pela VCP.
Fonte: Infomoney
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